segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Análise da incidência de gols por tempo de jogo

No Futebol de alto nível é sabido que qualquer detalhe bem trabalhado ou deixado de lado pode representar, em um estágio final, o êxito ou o fracasso de uma equipe. As preparações física, técnica, tática, psicológica e nutricional atingem hoje níveis muito próximos quando comparamos equipes com as mesmas condições para buscarem o máximo rendimento. Estes níveis, associados, geram componentes fundamentais no jogo. O gol, objetivo principal deste desporto, é um evento que representa em algum momento da partida o desequilíbrio de um ou mais destes componentes resultantes da preparação de uma equipe. No intuito de entender como se dá a dinâmica dos gols em uma partida, ao longo do tempo de jogo, foram dois os objetivos deste trabalho: caracterizar a incidência de gols em períodos fracionados de tempo em jogos profissionais de Futebol e buscar alguma evidência de que a distribuição destes gols ao longo da partida pudesse ser diferente entre os grupos das 4 primeiras equipes colocadas (gp) e das 4 últimas (gr) ao final das 27 rodadas da 1a fase do Campeonato observado. Nesse sentido foram analisados 378 jogos das 28 equipes participantes do Campeonato Brasileiro de Futebol 2001 (todos os jogos correspondentes à 1a fase da competição) através de dados coletados de 3 fontes distintas para comparação (Federação Paulista de Futebol através do seu site; UOL esportes; JDP CAMPINAS).

Após tabulação dos dados, observamos que existiu maior número de gols (54,1%) no 2º tempo dos jogos, ocorrendo com maior freqüência no intervalo de 31 a 45 minutos (31-45). Devemos destacar que 67,75% dos gols que aconteceram no 2o tempo ocorreram no intervalo entre 16 e 45 minutos (16-45) de jogo. Ao compararmos as incidências de gols entre gp e gr, observamos através do teste t (p<0,05)>

* Veja o artigo científico completo aqui

Leandro Zago

O técnico de futebol e os recursos visuais

É discussão corrente entre os profissionais do futebol, principalmente os estão no seu dia-a-dia em campo para ministrar treinamentos, as metodologias de treinamento utilizadas. Temos aqueles defensores de metodologias tecnicistas, os que trabalham com os jogos reduzidos, treinamentos com situações-problema presentes no jogo e algumas outras que conhecemos.

Não é de nosso interesse nesse artigo discutir qual a melhor, mais utilizada atualmente ou qual devemos usar para cada faixa etária. A questão é a seguinte: estamos nos apropriando de todas as formas possíveis de aprendizado para explorar a nossa proposta de treino?

Vamos pensar no aprendizado sob três perspectivas:

- cinestésico: aprendemos com as situações vividas com nosso corpo, as sensações que cada uma delas nos provoca.

- auditivo: qualquer estímulo sonoro, comunicação verbal, músicas, etc.

- visual: o que nossos olhos conseguem captar de informações em nível consciente e inconsciente.

Todos essas formas de aprendizado estão presentes num treino de campo, mas sabemos que o aprendizado cinestésico tem um peso maior em relação aos outros dois no que se refere às informações captadas. Ou seja, aprendemos mais vivenciando qualquer momento do que ouvindo-o ou vendo-o somente. Todos os treinadores realizam seu treinamento e conversam com seu grupo durante esse período. Notemos que os recursos visuais ficam presos ao que o atleta conseguiu captar durante o treino e tudo que ele “deixou passar” não foi incorporado como experiência de jogo.

Pensando em treinamentos táticos com suas situações coletivas e jogos, é imprescindível que um treinador tenha materiais gravados, da sua equipe e de outras, para discutir com seu grupo de jogadores toda a parte estratégica adotada e fazer com esses mesmos jogadores se tornem parte atuante desse processo, gerando conseqüentemente um envolvimento de ambas as partes (treinador-atleta).

Temos pleno conhecimento que está fora da realidade todo treinador de futebol possuir um notebook e um datashow para interagir dessa forma com seu grupo ou um gravador de DVD para copiar e editar imagens. Mas, com um pouco de criatividade, nós também temos que criar condições para dar um salto de qualidade no nosso trabalho.

Leandro Zago

Trocar de Técnico funciona?

Estamos no final do segundo mês do ano e muitos treinadores já perderam seus empregos em todos os estados do Brasil nas suas várias divisões. Em uma dessas demissões o treinador Vágner Mancini saiu invicto do cargo com a alegação por parte dos dirigentes gremistas de que as atuações do tricolor gaúcho não estavam agradando. Não basta mais vencer, tem que convencer ... mas a quem? A torcida, a imprensa, os dirigentes e tudo mais. Interessante pensarmos em como é feita essa análise de performance, afinal como vimos no caso acima passou a ser também subjetiva. E chama mais atenção ainda o fato de o Grêmio ter contratado Celso Roth para substituí-lo, um treinador que por lá já passou algumas vezes e sempre que saiu teve como principal motivo a falta de bons resultados.

Não importam os nomes, o importante é constatarmos que há um círculo de técnicos que entram e saem dos clubes de tempos em tempos, nesse perde e ganha, sem construir algo, sem planejamento a médio e longo prazo, numa política de resultados que foi criada por tudo que cerca o futebol e o capital financeiro nele presente.

À exceção de cinco ou seis treinadores dentre os times com maior popularidade, a regra é permanecer no clube enquanto os bons resultados são conquistados e preparar-se para a demissão quando aparece uma seqüência de derrotas. O planejamento do futuro do clube, com a formação de equipes competitivas, a oportunidade para jovens jogadores da categoria de base num ambiente propício e projetos de marketing são interrompidos após uma derrota. Pelo equilíbrio das competições profissionais de futebol, qualquer planejamento vinculado apenas e tão somente aos resultados tende ao fracasso, pois o jogo de futebol só tem a capacidade que tem de gerar emoções pela imprevisibilidade do mesmo.

É muito simples para um dirigente manter um treinador vitorioso (pelo menos naquele momento), o que não é fácil é gerenciar essa questão na adversidade. Por isso, na hora de contratar, o alinhamento de filosofias deve acontecer e o treinador tem que estar consciente e de acordo com os projetos do clube para aquele período. Caso contrário essa divergência gerará conflitos que podem interferir na performance. Quando se afirma que treinador precisa de tempo, parece que não estamos falando de futebol. O tempo é sempre pequeno e a necessidade básica é competência. Deixe um técnico incompetente por muito tempo em um clube e veja no que dá.

Enquanto grande parte dos treinadores estiverem em níveis muito próximos, e em algumas vezes abaixo do necessário para determinada situação, o mercado continuará a funcionar da mesma forma. E como em qualquer mercado, o profissional que se destaca é aquele que se diferencia dos demais, com conhecimentos teóricos e experiência prática para gerenciar seres humanos em busca de um objetivo comum.

Leandro Zago

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Eliminatórias 2010: a Seleção Brasileira em Lima e no Morumbi

Em jogos válidos pelas Eliminatórias para a Copa de 2010 na África do Sul, a Seleção Brasileira conquistou mais quatro pontos contra Peru e Uruguai, relativos a terceira e quarta rodadas respectivamente. A Seleção não conseguiu realizar bons jogos em nenhuma das duas partidas, quase deixou escapar o empate contra o Peru por 1 a 1 e foi duramente vaiada pelos mais de 65 mil torcedores no jogo do Morumbi em que venceu o Uruguai por 2 a 1.

Em ambas partidas, Dunga optou por iniciar a partida no sistema de jogo que vem utilizando, o 4-2-3-1. No jogo em Lima, Ronaldinho (talvez por voltar de um período lesionado) jogou posicionado à frente dos volantes, Mineiro e Gilberto Silva, atuando como um organizador e trabalhando muito nas transições defensivas. Kaká e Robinho com isso, tiveram uma liberdade que transformou-se num desacerto posicional nos momentos com e sem bola, tendo como conseqüência facilidades para a equipe peruana que jogava num 4-4-1-1 com marcação mista. Mesmo com algumas falhas, o 4-3-3 adotado pelo Peru no segundo tempo foi suficiente para acuar o Brasil e empatar o jogo.


Figura 1 – Uruguai (preto) pressionando em 3-3-1-3

No Morumbi, enquanto uma boa parte dos brasileiros esperavam jogar contra um time recuado, o Uruguai do treinador Óscar Tabárez utilizou uma estratégia que vários adversários da Seleção Brasileira vem usando (vamos nos lembrar do jogo contra a França na última Copa do Mundo): marcar a saída de bola brasileira, pressionando quando esta (a bola) chega no laterais.

Tendo como matriz a plataforma 4-2-1-3, a equipe celeste mudava essa conformação base quando o Brasil saía jogando e quando seu goleiro, Carini, batia os tiros de meta. Para chegar no 3-3-1-3, o lateral Fucile (6) adiantava-se para a linha dos volantes Gargano (5) e Gonzáles (8) e o outro lateral, Pereira (2), centralizava um pouco, aproximando-se da dupla de zagueiros, Godín (3) e Lugano (4). Conseqüentemente, o time uruguaio conseguia pressionar em zonas mais adiantadas, tendo recuperado muitas bolas em seu campo ofensivo.

Vamos destacar alguns pontos que foram evidenciados nesses dois jogos na Seleção Brasileira:

- faltam de alternativas de jogo, o Brasil tem seu sistema e tem dificuldades quando ele não “encaixa” contra determinado tipo de jogo do adversário;

- dificuldades na saída de bola, principalmente quando o adversário utiliza sistemas com três atacantes (falta amplitude e velocidade de transmissão de bola);

- o Brasil não consegue pressionar de forma organizada o adversário com seu sistema de jogo, quando isso é necessário em situações de desvantagem no placar, a equipe fica desequilibrada;

- os volantes Gilberto Silva e Mineiro, não conseguem marcar toda a largura do campo dentro de sua área de atuação (de uma lateral a outra), por isso com a entrada de Josué foi criada uma linha de 3 volantes que equilibrou melhor essa situação.

A equipe brasileira necessita dessas correções para que seus atletas consigam desempenhar melhor suas funções, pois só com um desempenho coletivo melhor cada um conseguirá potencializar suas qualidades.


Leandro Zago

sábado, 10 de novembro de 2007

O êxodo de jogadores brasileiros

O Brasil é o país do futebol. E essa afirmação talvez faça mais sentido no exterior do que para nós brasileiros. O profissionalismo com que esse esporte é tratado em diferentes partes do planeta mostra que, mesmo que considerem nosso país um formador de grandes jogadores, não podemos atribuir ainda à seriedade com que o tratamos o motivo pelo qual ostentamos tal condição. Afinal, temos em nosso favor várias condições importantes para que esse fenômeno ocorra, como um clima favorável o ano todo, um enorme número de praticantes, cobertura excessiva da mídia em geral, entre outros. Fatores esses que combinados dificilmente encontraremos em outros países.

E o que isso tudo tem a ver com o título dessa matéria? Só reforça a idéia de que a falta de profissionalismo de nossos dirigentes faz com que os atletas que chegam ao final desse processo, em busca de condições melhores para exercer sua profissão, optem por transferências para o exterior e, em alguns casos para países sem nenhuma tradição no futebol, como China, Coréia e Arábia Saudita que atualmente pagam bem.

Na Europa sabe-se que o melhor negócio no mercado do futebol é comprar jogador brasileiro jovem e vendê-lo após algumas temporadas. Kaká saiu do São Paulo por menos de nove milhões de dólares, Ronaldinho Gaúcho foi transferido para o PSG por seis milhões de dólares e hoje, quanto valem esses craques? Mas como foi citado anteriormente, não é só a Europa que atrai jogadores, e por quê? Porque em solo brasileiro, com exceção de algumas equipes, o atleta não tem garantia nenhuma que receberá em dia seu salário, fazendo com que disputas judiciais tornem-se fato corriqueiro nas manchetes esportivas.

Para corroborar com isso, segundo dados oficiais da CBF, no ano de 2007 mais de mil jogadores transferiram-se para o exterior, significando um aumento de aproximadamente 25% em relação ao ano anterior. Temos jogadores voltando a atuar no país também e com a valorização do Real muitos jogadores sul-americanos jogam nas grandes equipes nacionais atualmente.

Podemos concluir com isso que dois fatores são essenciais para a manutenção de jogadores no país: moeda forte e melhor organização dos clubes e confederações nacionais. E aí fica a pergunta: a que distância estamos de concorrer com o Euro e ter bons dirigentes?

Leandro Zago

A fórmula dos pontos corridos

Durante muitos anos foi cobrado pela imprensa esportiva brasileira a adoção do sistema de pontos corridos para a disputa do Campeonato Brasileiro. Em 2003 foi implantada essa fórmula e nesse ano de 2007 temos a quinta edição em andamento.

Vários argumentos foram utilizados para justificar a mudança no formato do campeonato, como a montagem de um calendário que garanta jogos até o final da temporada, premiar a equipe mais regular, facilitar o planejamento das equipes, entre outros.

Em contrapartida, os defensores de campeonatos com fases em que ocorra o “mata-mata” pregam que esses jogos proporcionam mais emoção ao torcedor (conseqüentemente mais interesse do público) e permitem com que equipes que não iniciem bem a competição tenham tempo de se recuperar e brigar pelo título. Não podemos nos esquecer que em 2002, no último ano de disputa nesse formato, o Santos de Robinho e Diego classificou-se para as quartas-de-final em oitavo, eliminou o São Paulo, detentor da melhor campanha da primeira fase em apenas dois jogos e sagrou-se campeão contra equipes que haviam somado mais pontos que ele em fases anteriores.

Qual a melhor opção, justiça ou emoção?

Nessa temporada estamos com um campeonato empolgante em todas as partes da tabela, apesar do título praticamente garantido para o São Paulo com o fim da 33ª rodada, muitos times ainda brigam pela vaga na Libertadores, na Sul-americana e contra o rebaixamento. Para comprovar tudo isso, temos até agora a melhor média de público dos últimos dez anos (16.250 torcedores) e na 32ª rodada a impressionante média de 30.296 torcedores, ficando atrás apenas das médias das rodadas dos campeonatos alemão e inglês.

Leandro Zago

3-6-1

· Posicionamento

Figura 1 – 3-6-1

Esse sistema possui uma mistura de dois sistemas, a defesa e os alas do 3-5-2 com o meio de campo podendo ser montado como o de um 4-4-2.

Figura 2 – 3-6-1 B

Com o meio de campo montado no mesmo formato do “4-4-2 Losango” facilita-se a montagem de triângulos como podemos ver na figura.

· Características

- não exige muito desgaste físico na recuperação da bola;

- boa ocupação de espaço no setor defensivo;

- atrai o adversário possibilitando situações de contra-ataque;

- utilização dos alas no contra-ataque.

- poucos atletas com características de atacantes;

- poucos atletas à frente da linha da bola quando ela é recuperada no meio;

- quando a bola é recuperada exige muita qualidade para não ser perdida rapidamente;

- a cobertura dos alas necessita de muita coordenação defensiva;

- o adversário cria dificuldade se entrar com 1 ou 3 atacantes;

- necessita de zagueiros com boa técnica para a saída de bola.

Leandro Zago

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

3-5-2

· Posicionamento

Figura 1 – 3-5-2

Esse sistema foi muito utilizado a partir da Copa de 1990 na Itália, pois muitas seleções o utilizaram naquele torneio. Veio como uma alternativa para marcar o 4-4-2, visto que os 3 zagueiros garantiriam a sobra a todo momento. Os “laterais” nesse sistema passam a ser chamados de alas porque ganham novas funções tanto na parte defensiva quando devem marcar mais “por dentro” quanto na parte ofensiva quando tem participação ativa na armação do jogo. A inteligência e as características dos alas são fundamentais para que esse sistema de jogo funcione.

Figura 2 – 3-5-2 B

Com essa alteração no posicionamento, os alas tem uma função ofensiva mais importante, pois terão que dividir com o meia a responsabilidade da armação do jogo e chegada ao ataque.

· Características

- número equilibrado de jogadores em cada compartimento do campo;

- boa ocupação de espaço nos três setores;

- pode ser ofensivo ou defensivo com poucas alterações;

- armação de jogo pelas alas.

- a cobertura dos alas necessita de muita coordenação defensiva;

- o adversário cria dificuldade se entrar com 1 ou 3 atacantes;

- necessita de zagueiros com boa técnica para a saída de bola.

Leandro Zago

4-4-2

· Posicionamento



Figura 1 – 4-4-2

O 4-4-2 é um sistema que está presente no futebol a cerca de 20 anos, foi muito utilizado na década de 90 (principalmente no Brasil) por permitir uma enorme variação de posicionamentos, principalmente do meio de campo para a frente, e também por designar 2 jogadores para cada posição, facilitando a distribuição de tarefas. Utiliza-se, nesse sistema dois laterais que se alternam no momento do apoio ao ataque, um volante mais centralizado e outro que faça cobertura dos laterais, dois meias que participem da marcação e cheguem bem à frente, um atacante mais “de área” e outro com boa movimentação.

Figura 2 – 4-4-2 B

O 4-4-2 da figura acima é o chamado “4-4-2 Losango” que tem por característica a facilidade de se montar triângulos no seu posicionamento pela disposição dos atletas em campo. Pode ser ofensivo com um volante ou três meias, ou defensivo com três volante e um meia.

· Características

- número equilibrado de jogadores em cada compartimento do campo;

- boa ocupação de espaço nos três setores;

- pode ser ofensivo ou defensivo com poucas alterações.

- o apoio dos laterais não é protegido com muita eficiência;

- com os meias jogando em linha cria-se uma distância com os atacantes;

- com o losango, há espaço para o adversário nas laterais na linha média;

Leandro Zago

Sistematizando a posse de bola no 3-5-2

Segue abaixo como o campo deve ser dividido:

Sistematizando a posse de bola no 3-5-2

  • Metade esquerda do campo (ataque contra defesa)

- Execução: os alas partem da bandeirinha sendo um sem bola e outro com bola, de forma alternada, iniciando uma jogada de ataque com inferioridade numérica do ataque cujo objetivo é a busca do gol. Para o sistema defensivo o objetivo é roubar a bola e realizar um bom passe em qualquer uma das bandeirinhas.

- Número de jogadores envolvidos: mínimo 11 (onze) + goleiro / máximo 22 (vinte e dois) + 2 goleiros.

- Fatores a controlar: tempo de intervalo entre as execuções, tempo total de treino, intensidade de concentração dos atletas durante execução, muitas bolas ao redor para evitar paradas prolongadas na atividade.

- Variação:

- iniciar com a bola no meio;

- inserir um dos volantes para igualar numericamente;

- limitar o tempo de ataque ou de defesa;

- limitar o número de toques por atleta;

- colocar um número de passes mínimo antes de finalizar.

  • Metade direita do campo (saída de bola pelos lados direito e esquerdo)

- Execução: o zagueiro central busca a bola na bandeirinha e inicia a jogada com seu zagueiro pelo lado (direito ou esquerdo dependendo do lado da atividade), seu volante (direito ou esquerdo dependendo do lado da atividade) e seu ala objetivando realizar um passe entre as bandeirinhas que localizam-se na linha do meio de campo e sua respectiva linha lateral. A equipe que marca deve roubar a bola e realizar um cruzamento da região onde está colocado um arco.

- Número de jogadores envolvidos: mínimo 16 (dezesseis) / máximo 32 (trinta e dois).

- Fatores a controlar: tempo de intervalo entre as execuções, tempo total de treino, intensidade de concentração dos atletas durante execução, muitas bolas ao redor para evitar paradas prolongadas na atividade.

- Variação:

- limitar o tempo de ataque ou de defesa;

- limitar o número de toques por atleta;

- realizar um número mínimo de passes antes de se atingir a bandeirinha.

Leandro Zago

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Copa Sul-americana 2007: São Paulo e Boca – duelo de gigantes (parte 2)

Com a vitória conquistada na Argentina, o Boca Juniors veio ao Morumbi necessitando de um empate ou até de uma derrota por um gol de diferença desde que marcasse dois ou mais gols (3 a 2 ou 4 a 3 para o São Paulo por exemplo). Ao São Paulo bastaria uma vitória por 1 a 0 que igualaria a somatória de gols do confronto e eliminaria o time argentino nos gols marcados fora de casa. E foi exatamente isso que ele obteve, numa partida muito disputada, com duas equipes determinadas a conseguir o resultado e raras oportunidades reais de gol.

As escalações das duas equipes foram bem parecidas com as do jogo anterior. No Boca, apenas Palácio não atuou na segunda partida sendo substituído por Boselli. Na equipe brasileira três alterações: Alex Silva na vaga de André Dias, Dagoberto para o lugar de Hugo e Borges no ataque no lugar de Aloísio.

Em relação à plataforma de jogo, ambas equipes utilizaram as mesmas do jogo em “La Bombonera”. O São Paulo jogando no 3-6-1 e o Boca no 4-3-1-2 (ver parte 1).

E, com praticamente as mesmas escalações iniciais e as mesmas plataformas de jogo, a partida apresentou características diferentes da anterior. Principalmente pela mudança de atitude do São Paulo que alterou sua estratégia, pois sabia que o Boca tentaria a todo momento controlar a partida. Vejamos duas dessas alterações na postura da equipe:

- sem bola, o São Paulo optou por uma marcação mais agressiva (ativa) buscando recuperar a bola rapidamente. Resultado: o Boca errou mais passes do que no primeiro jogo e o São conseguiu ter a bola mais tempo do que na Argentina controlando melhor o jogo de acordo com seu interesse.

- reposição rápida do Rogério Ceni sempre que a bola era finalizada em seu gol. Resultado: o triângulo ofensivo do Boca não conseguia organizar-se para marcar a saída de bola são-paulina diminuindo o número de recuperações de bola na zona de meio de campo pelo trio Battaglia, Ledesma e Dátolo.

No início do segundo tempo o São Paulo veio a campo com Aloísio no lugar de Borges e montado num 4-3-3 (figura 1). Foi quando conseguiu marcar o gol que deu sua classificação aos 9 minutos com o próprio Aloísio e em seguida retornou para o 3-6-1, plataforma essa que utiliza em grande parte de seus jogos e conseqüentemente onde se sente mais seguro para jogar.

Figura 1 – O 4-3-3 do São Paulo

Nessa formação, a linha defensiva ficou formada por: Alex Silva (2), Miranda (3), Breno (4) e Richarlyson (6). Hernanes (5) ficou como único volante tendo a sua frente Souza (8) e Jorge Wágner (10) com meias. Dagoberto (7) jogou aberto na direita e Leandro (11) na esquerda com Aloísio (9) centralizados entre os zagueiros.

Com essa formação, Muricy Ramalho conseguiu ter uma distribuição de atletas mais equilibrada nos setores e mais próxima também da utilizada pelo Boca. Isso criou espaços entre as linhas do time argentino nos menos de 10 minutos em que foi praticado. Como resultado, um gol iniciado numa reposição longa com os pés feita por Rogério Ceni que pegou a defesa do Boca mal posicionada permitindo uma disputa aérea na linha de sua área sem um posicionamento adequado de seus zagueiros.

Leandro Zago

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Copa Sul-americana 2007: Boca e São Paulo – duelo de gigantes (parte 1)

Na abertura da fase internacional da Copa Sul-americana, o São Paulo foi até Buenos Aires enfrentar o Boca Juniors, atual campeão da Copa Libertadores em “La Bombonera”. Tão temido em seu estádio, o Boca conta com uma equipe sem grandes destaques individuais, mas com uma consciência tática boa, tendo atletas que se aplicam fortemente para que a estratégia montada pelo seu treinador Miguel Russo seja bem sucedida.

Sabedor da boa fase pela qual passa o São Paulo, Miguel Russo optou por marcar a saída de bola da equipe brasileira dificultando a chegada da mesma em seus volantes e alas (Hernanes, Richarlyson, Souza e Jorge Wágner) obrigando os zagueiros tricolores a realizar longos lançamentos para o setor ofensivo (figura 1).

Figura 1 – Atacantes do Boca (preto) marcando a saída do São Paulo (laranja)

O Boca montou um triângulo com Gracián (10), Palermo (9) e Palácio (11) que balançava pelo campo ofensivo fazendo com que o São Paulo tivesse como única opção de saída pelo chão passes abertos nos alas. Estes recebiam pressão dos volantes argentinos (Dátolo-7 no Souza-2 e Ledesma-8 no Jorge Wágner-6) assim que recebiam a bola, não permitindo nem que esses alas virassem o corpo de frente para o ataque. Esse trio de médios recuperadores completava-se com a presença de Battaglia entre eles, jogando como um pivô defensivo nos momentos em que o Boca saía com a bola de trás.

Para as transições ofensivas (defesa-ataque), o Boca mantinha sempre 3 jogadores a frente da linha da bola, sendo o Gracián (10) responsável por sair com a bola do campo defensivo por dentro e Palácio (11) pela transição rápida “por fora” sempre se posicionando do lado em que a jogada do adversário ocorria. Essa saída rápida de trás dependia da zona onde era recuperada a bola e do equilíbrio defensivo que o São Paulo apresentava no momento. Palermo (9) ficava posicionado bem à frente para uma possível ligação direta (figura 2).

Figura 2 – Transição ofensiva do Boca montada

Com duas jogadas de bola aérea o Boca conseguiu construir uma vantagem para o segundo jogo, que só não foi maior pelo gol marcado por Borges no final do jogo em uma das poucas falhas de posicionamento da equipe argentina.

Leandro Zago

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Fatores treináveis no futebol

O técnico de futebol deve se lembrar sempre ao montar seus treinamentos técnicos e táticos que ele trabalha com uma modalidade onde as habilidades se apresentam de forma aberta.

Esse esporte se caracteriza pela imprevisibilidade de sua seqüência de eventos dentro de uma partida.

Mas isso apenas reforça a necessidade de um treino que reproduza o jogo a todo o momento.

Na lista abaixo estão alguns fatores treináveis do futebol:

- Posse de bola

- com objetivos ofensivos

- com objetivos defensivos

- ataque posicional

- Passes

- curto

- longo

- direto

- misto

- Seqüências ofensivas

- planejadas

- improvisações dentro de um planejamento

- pelo meio

- pelas laterais

- jogadores envolvidos

- balanço defensivo

- Marcação

- por zona

- individual

- mista (por zona em algumas regiões e individual em outras)

- pressão

- meia-pressão

- pressão no homem da bola

- campo inteiro

- meio campo

- sincronia das coberturas

- Transições

- ofensivas (defesa-ataque)

- defensivas (ataque-defesa)

- Compactação

- em largura

- em profundidade

- Faltas

- cometidas

- sofridas

- ofensivas

- defensivas

- centrais

- laterais

- curta distância

- média distância

- longa distância

- regiões favoráveis para cometer

- regiões desfavoráveis para cometer

- regiões favoráveis para sofrer

- regiões desfavoráveis para sofrer

- Escanteios

- ofensivos

- defensivos

- organização rápida

- rebote ofensivo

- rebote defensivo

- montar o contra-ataque no escanteio contra

- eliminar o contra-ataque no escanteio a favor

- Laterais

- a favor

- contra

- na defesa

- no meio

- no ataque

- sair jogando

- alongar a bola

- movimentação sistematizada para sair da marcação

- movimentação sistematizada para criar jogada ofensiva

- Dinâmica do jogo

- veloz

- cadenciada

- variação de velocidades

- Rebotes

- ofensivos

- defensivos

- em bolas paradas

- com o jogo em andamento

- “segundas bolas”

- Desvantagem numérica

- ofensiva

- defensiva

- Reposição de bola (goleiro)

- Curta (com as mãos)

- Longa (quebrada)

- Tiro de meta (passe na lateral da área)

- Tiro de meta (longo)


Leandro Zago

Sistemas de jogo

Vamos esclarecer que não é de nosso interesse nessa matéria discutir toda a evolução dos sistemas de jogo desde que o futebol passou a ser trabalhado numa perspectiva mais coletiva que individual.

Apenas para contextualizar, temos o WM lá no início dos anos 30, passando pela Diagonal Brasileira até a chegada do 4-2-4 nos anos 50 quando os sistemas passaram a ser nomeados de acordo com o número de jogadores presentes em cada setor do campo (defesa, meio-campo e ataque), exceção feita ao goleiro por motivos óbvios. Não podemos descartar que futuramente podemos ter uma formação de goleiros que os prepare para participar na saída de bola em momentos onde o resultado é adverso.

É importante frisarmos alguns conceitos que influenciam na evolução e na opção por um sistema de jogo:

- a participação mais ativa da fisiologia do exercício implicou em maior capacidade de deslocamentos e mais intensidade nas ações praticadas, forçando alguns sistemas a se adaptarem a essa nova realidade;

- o sistema de jogo é um posicionamento inicial, além disso, a equipe possui um posicionamento “sem bola” e outro “com bola”;

- os sistemas são sempre derivados um do outro, pois na sua essência têm os mesmo compartimentos (defesa, meio-campo e ataque);

- os sistemas surgem em sua da necessidade de se anular um sistema anterior que vinha sendo bem sucedido;

- dentro do mesmo sistema existem pequenas variações de posicionamento que não são suficientes para enquadrá-lo como um “novo” sistema;

- para um mesmo sistema, a alteração das características dos atletas implica em mudanças consideráveis;

- após o início da partida, independentemente do sistema de jogo utilizado, cada equipe apresentará uma variedade de movimentações peculiar;

As características de um sistema de jogo são baseadas na ocupação espacial que ele impõe a quem o adota. A dinâmica de duas equipes pode ser totalmente diferente dentro de um mesmo sistema, o que influenciará diretamente nos resultados obtidos.


Leandro Zago

sábado, 8 de setembro de 2007

4-5-1

· Posicionamento

Figura 1 – 4-5-1

Esse sistema vem sendo muito utilizado pelos treinadores, que substituíram os dois antigos pontas por dois meias ofensivos que criam uma linha à frente dos volantes no momento em que a equipe está sem a bola e tem por função chegar a frente, encostando no atacante. Esses meias que jogam por fora são responsáveis também por facilitar a ultrapassagem dos laterais, aproximando-se destes e fazendo triangulações.

Figura 2 – 4-5-1 B

Neste novo posicionamento, são criadas duas linha de 4 jogadores com um volante entre elas e um atacante à frente. Com isso, é realizada uma marcação por zona que permite cobertura em todos os setores do campo de defesa sem muito desgaste físico. A partir do momento que a bola é recuperada, temos 4 meias para chegar ao ataque, permitindo que até cinco jogadores participem de um contra-ataque sem cada um deles percorra mais do que 50 metros.

· Características

- não exige muito desgaste físico na recuperação da bola;

- boa ocupação de espaço no setor defensivo;

- atrai o adversário possibilitando situações de contra-ataque;

- poucos atletas com características de atacantes;

- poucos atletas à frente da linha da bola quando ela é recuperada no meio;

- quando a bola é recuperada exige muita qualidade para não ser perdida rapidamente;


Leandro Zago

4-3-3

· Posicionamento

Figura 1 – 4-3-3

O 4-3-3 foi um sistema muito utilizado até meados da década de 80, surgiu do recuo de um dos atacantes do sistema 4-2-4 quando ainda não ocorria com freqüência a passagem dos laterais, fazendo com que as equipes jogassem com dois pontas bem definidos, cuja função na marcação era a de acompanhar os laterais adversários.

Esse sistema é bem presente no futebol moderno, mas teve que se adaptar porque as trocas de posições passaram a ser mais constantes e os laterais e pontas teriam que ocupar toda a lateral do campo. Acabou sobrando para os pontas que perderam seu prestígio por executar um número muito reduzido de funções, o que acarretou no desaparecimento desse jogador desde as categorias de base.

Figura 2 – 4-3-3 B

Na figura 2 podemos observar uma das variações possíveis do 4-3-3, quando um meia é trocado por um volante, fortalecendo o poder de marcação na intermediária defensiva e fazendo com que um meia apenas fique responsável pela armação de jogo. Dessa variação surgiu um novo sistema que veremos a seguir, o 4-5-1.

· Características

- número equilibrado de jogadores em cada compartimento do campo;

- boa ocupação de espaço no setor ofensivo;

- mantém um grande número de atletas adversários em seu próprio campo defensivo;

- é facilmente mudado com algumas alterações no posicionamento.

- menos atletas com características defensivas em comparação com outros sistemas;

- poucos atletas atrás da linha da bola;

- pouca participação defensiva dos atacantes;

- muito espaço à frente dos laterais;

- muito espaço para a cobertura dos volantes;


Leandro Zago

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Brasileirão 2007 : Atlético/PR 0 X 1 Santos - mudança de estratégia

Ganhar do Atlético Paranaense na Arena da Baixada é sempre um resultado difícil de ser obtido independente da fase pela qual o Atlético passa. Quando ele vem com 100% de aproveitamento nas duas rodadas do Brasileirão é uma tarefa mais árdua ainda.

Normalmente as equipes que vão enfrentar o Atlético em Curitiba utilizam-se de uma estratégia semelhante: realizar uma marcação no meio campo defensivo, buscando trazer o Atlético para o seu campo e sair em contra-ataques velozes quando a bola é recuperada. Quando dá certo, tudo bem, o gol acaba saindo ou pelo menos mantendo o Atlético longe das áreas de risco e o visitante jogando com o placar a favor consegue ter um controle melhor do jogo. Mas o que vemos na maioria das vezes é a equipe adversária acuada, sem posse de bola, com grande dificuldade de realizar a transição ofensiva e mesmo segurando o Atlético por algum tempo acaba não suportando a pressão e sofrendo a derrota. Algumas vezes por um placar dilatado.

Luxemburgo nas quis correr esse risco. Preferiu evitar a pressão do que suportar a pressão. Sempre que o Atlético ia sair jogando a equipe do Santos recuava um pouco seus dois atacantes para que o Atlético saísse jogando com sua linha de zagueiros (figura 1).

Figura 1 – Santos (preto) um pouco recuado

Nesse momento em que a bola era passada para um dos defensores, O Rodrigo Tabáta (10) adiantava-se como um terceiro atacante junto com o Marcos Aurélio (9) e o Jonas (11). Estes dois abriam um pouco para pressionar a saída de bola do Atlético nas laterais criando um bloco de pressão na saída de bola atleticana. Esse bloco movimentava-se da seguinte forma: o atacante na bola marcava em cima seu jogador a uma distância que não permitia ser driblado facilmente e os outros dois recuavam um pouco realizando as coberturas por dentro (figura 2).

Figura 2 – Pressão no lateral do Atlético/PR

Como podemos ver na figura acima, o lateral tem poucas alternativas. A bola na paralela para o meia (8) tem chance pequena de sucesso pela marcação próxima que os dois sofrem e o fato de que provavelmente o meia dominará a bola de frente para seu próprio gol e com um marcador em cima. O passe para o goleiro é uma possibilidade, mas provavelmente ele terá que alongar a bola devolvendo sua posse ao Santos. Quando a bola voltava para o zagueiro mais próximo (4), o Tabáta (10) adiantava-se nele tirando a opção da virada de jogo (para isso ele entrava pelo lado oposto ao que vinha a bola no adversário) e os outros dois atacantes marcavam por dentro as opções de passe (figura 3).

Figura 3 – Pressão no zagueiro eliminando a virada de jogo no lateral (2)

Isso fez com que o Atlético não conseguisse transportar a bola com qualidade até seus jogadores responsáveis pela construção das jogadas nas zonas mais adequadas. Essa marcação na saída da bola que o Santos fez “quebrou” a equipe atleticana no momento em que ela foi utilizada, não permitindo uma ligação entre os setores descompactando em profundidade o Atlético.

O Santos venceu por 1 X 0, o Atlético/PR criou poucas chances claras de gol e Luxemburgo provou estar certo na estratégia adotada mais uma vez.


Leandro Zago