quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Eliminatórias 2010: a Seleção Brasileira em Lima e no Morumbi

Em jogos válidos pelas Eliminatórias para a Copa de 2010 na África do Sul, a Seleção Brasileira conquistou mais quatro pontos contra Peru e Uruguai, relativos a terceira e quarta rodadas respectivamente. A Seleção não conseguiu realizar bons jogos em nenhuma das duas partidas, quase deixou escapar o empate contra o Peru por 1 a 1 e foi duramente vaiada pelos mais de 65 mil torcedores no jogo do Morumbi em que venceu o Uruguai por 2 a 1.

Em ambas partidas, Dunga optou por iniciar a partida no sistema de jogo que vem utilizando, o 4-2-3-1. No jogo em Lima, Ronaldinho (talvez por voltar de um período lesionado) jogou posicionado à frente dos volantes, Mineiro e Gilberto Silva, atuando como um organizador e trabalhando muito nas transições defensivas. Kaká e Robinho com isso, tiveram uma liberdade que transformou-se num desacerto posicional nos momentos com e sem bola, tendo como conseqüência facilidades para a equipe peruana que jogava num 4-4-1-1 com marcação mista. Mesmo com algumas falhas, o 4-3-3 adotado pelo Peru no segundo tempo foi suficiente para acuar o Brasil e empatar o jogo.


Figura 1 – Uruguai (preto) pressionando em 3-3-1-3

No Morumbi, enquanto uma boa parte dos brasileiros esperavam jogar contra um time recuado, o Uruguai do treinador Óscar Tabárez utilizou uma estratégia que vários adversários da Seleção Brasileira vem usando (vamos nos lembrar do jogo contra a França na última Copa do Mundo): marcar a saída de bola brasileira, pressionando quando esta (a bola) chega no laterais.

Tendo como matriz a plataforma 4-2-1-3, a equipe celeste mudava essa conformação base quando o Brasil saía jogando e quando seu goleiro, Carini, batia os tiros de meta. Para chegar no 3-3-1-3, o lateral Fucile (6) adiantava-se para a linha dos volantes Gargano (5) e Gonzáles (8) e o outro lateral, Pereira (2), centralizava um pouco, aproximando-se da dupla de zagueiros, Godín (3) e Lugano (4). Conseqüentemente, o time uruguaio conseguia pressionar em zonas mais adiantadas, tendo recuperado muitas bolas em seu campo ofensivo.

Vamos destacar alguns pontos que foram evidenciados nesses dois jogos na Seleção Brasileira:

- faltam de alternativas de jogo, o Brasil tem seu sistema e tem dificuldades quando ele não “encaixa” contra determinado tipo de jogo do adversário;

- dificuldades na saída de bola, principalmente quando o adversário utiliza sistemas com três atacantes (falta amplitude e velocidade de transmissão de bola);

- o Brasil não consegue pressionar de forma organizada o adversário com seu sistema de jogo, quando isso é necessário em situações de desvantagem no placar, a equipe fica desequilibrada;

- os volantes Gilberto Silva e Mineiro, não conseguem marcar toda a largura do campo dentro de sua área de atuação (de uma lateral a outra), por isso com a entrada de Josué foi criada uma linha de 3 volantes que equilibrou melhor essa situação.

A equipe brasileira necessita dessas correções para que seus atletas consigam desempenhar melhor suas funções, pois só com um desempenho coletivo melhor cada um conseguirá potencializar suas qualidades.


Leandro Zago

sábado, 10 de novembro de 2007

O êxodo de jogadores brasileiros

O Brasil é o país do futebol. E essa afirmação talvez faça mais sentido no exterior do que para nós brasileiros. O profissionalismo com que esse esporte é tratado em diferentes partes do planeta mostra que, mesmo que considerem nosso país um formador de grandes jogadores, não podemos atribuir ainda à seriedade com que o tratamos o motivo pelo qual ostentamos tal condição. Afinal, temos em nosso favor várias condições importantes para que esse fenômeno ocorra, como um clima favorável o ano todo, um enorme número de praticantes, cobertura excessiva da mídia em geral, entre outros. Fatores esses que combinados dificilmente encontraremos em outros países.

E o que isso tudo tem a ver com o título dessa matéria? Só reforça a idéia de que a falta de profissionalismo de nossos dirigentes faz com que os atletas que chegam ao final desse processo, em busca de condições melhores para exercer sua profissão, optem por transferências para o exterior e, em alguns casos para países sem nenhuma tradição no futebol, como China, Coréia e Arábia Saudita que atualmente pagam bem.

Na Europa sabe-se que o melhor negócio no mercado do futebol é comprar jogador brasileiro jovem e vendê-lo após algumas temporadas. Kaká saiu do São Paulo por menos de nove milhões de dólares, Ronaldinho Gaúcho foi transferido para o PSG por seis milhões de dólares e hoje, quanto valem esses craques? Mas como foi citado anteriormente, não é só a Europa que atrai jogadores, e por quê? Porque em solo brasileiro, com exceção de algumas equipes, o atleta não tem garantia nenhuma que receberá em dia seu salário, fazendo com que disputas judiciais tornem-se fato corriqueiro nas manchetes esportivas.

Para corroborar com isso, segundo dados oficiais da CBF, no ano de 2007 mais de mil jogadores transferiram-se para o exterior, significando um aumento de aproximadamente 25% em relação ao ano anterior. Temos jogadores voltando a atuar no país também e com a valorização do Real muitos jogadores sul-americanos jogam nas grandes equipes nacionais atualmente.

Podemos concluir com isso que dois fatores são essenciais para a manutenção de jogadores no país: moeda forte e melhor organização dos clubes e confederações nacionais. E aí fica a pergunta: a que distância estamos de concorrer com o Euro e ter bons dirigentes?

Leandro Zago

A fórmula dos pontos corridos

Durante muitos anos foi cobrado pela imprensa esportiva brasileira a adoção do sistema de pontos corridos para a disputa do Campeonato Brasileiro. Em 2003 foi implantada essa fórmula e nesse ano de 2007 temos a quinta edição em andamento.

Vários argumentos foram utilizados para justificar a mudança no formato do campeonato, como a montagem de um calendário que garanta jogos até o final da temporada, premiar a equipe mais regular, facilitar o planejamento das equipes, entre outros.

Em contrapartida, os defensores de campeonatos com fases em que ocorra o “mata-mata” pregam que esses jogos proporcionam mais emoção ao torcedor (conseqüentemente mais interesse do público) e permitem com que equipes que não iniciem bem a competição tenham tempo de se recuperar e brigar pelo título. Não podemos nos esquecer que em 2002, no último ano de disputa nesse formato, o Santos de Robinho e Diego classificou-se para as quartas-de-final em oitavo, eliminou o São Paulo, detentor da melhor campanha da primeira fase em apenas dois jogos e sagrou-se campeão contra equipes que haviam somado mais pontos que ele em fases anteriores.

Qual a melhor opção, justiça ou emoção?

Nessa temporada estamos com um campeonato empolgante em todas as partes da tabela, apesar do título praticamente garantido para o São Paulo com o fim da 33ª rodada, muitos times ainda brigam pela vaga na Libertadores, na Sul-americana e contra o rebaixamento. Para comprovar tudo isso, temos até agora a melhor média de público dos últimos dez anos (16.250 torcedores) e na 32ª rodada a impressionante média de 30.296 torcedores, ficando atrás apenas das médias das rodadas dos campeonatos alemão e inglês.

Leandro Zago

3-6-1

· Posicionamento

Figura 1 – 3-6-1

Esse sistema possui uma mistura de dois sistemas, a defesa e os alas do 3-5-2 com o meio de campo podendo ser montado como o de um 4-4-2.

Figura 2 – 3-6-1 B

Com o meio de campo montado no mesmo formato do “4-4-2 Losango” facilita-se a montagem de triângulos como podemos ver na figura.

· Características

- não exige muito desgaste físico na recuperação da bola;

- boa ocupação de espaço no setor defensivo;

- atrai o adversário possibilitando situações de contra-ataque;

- utilização dos alas no contra-ataque.

- poucos atletas com características de atacantes;

- poucos atletas à frente da linha da bola quando ela é recuperada no meio;

- quando a bola é recuperada exige muita qualidade para não ser perdida rapidamente;

- a cobertura dos alas necessita de muita coordenação defensiva;

- o adversário cria dificuldade se entrar com 1 ou 3 atacantes;

- necessita de zagueiros com boa técnica para a saída de bola.

Leandro Zago