quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Em busca da efetividade ofensiva da equipe

O futebol se caracteriza por apresentar, dentro dos jogos desportivos coletivos (JDC), um dos menores números de finalizações a meta (gol) dentro de uma partida em comparação com outros esportes como basquete, handebol e vôlei, por exemplo. E dessas finalizações, um pequeno número é transformada em gol.

Poucas pesquisas sobre seu aspecto tático foram realizadas até hoje para a melhora da sua compreensão. Pesquisas não só quantitativas, mas também qualitativas precisando detalhes sobre ações ofensivas bem e mal sucedidas para que se observe padrões que se repetem e sirvam como balizadores do trabalho de campo.

Enquanto isso, os treinadores esperam que seus times apresentem algumas características na fase ofensiva baseadas em suas experiências anteriores (empirismo) e nas regras de ação ofensivas que visam dar uma objetividade maior ao jogo.

Vamos a essas regras:

- Dar amplitude (largura) e profundidade ao ataque: o ataque alargado afastará as coberturas defensivas facilitando conseqüentemente a profundidade nos espaços vulneráveis do adversário

- Iludir a defesa contrária: trabalhar a bola num primeiro momento em determinada zona para posteriormente aprofundar o jogo numa zona oposta

- Criar opções de passe: quanto maior o número de opções de passe, maior a dúvida gerada na marcação, tendo como conseqüência o aumento da chance de erro.

- Variações dentro da jogada: alternar passes curtos e longos, jogo direto e apoiado, velocidade de ritmo de circulação de bola.

Essas regras de ação criam uma base para os objetivos ofensivos de uma equipe. Não se deve tornar uma equipe um mecanismo mecânico.

O gol é grande objetivo do jogo e isso é fundamental ser frisado. A imprevisibilidade tem seu espaço sempre reservado para desestruturar os sistemas defensivos.

Leandro Zago

Compactação: conceito e importância

Para iniciarmos a discussão sobre esse tema, precisamos considerar alguns detalhes. Um campo oficial de futebol apresenta medidas que variam segundo as determinações da FIFA. Em nosso artigo vamos nos basear nas seguintes medidas: 100 metros de comprimento X 70 metros de largura. Um gramado com essas dimensões terá uma área de 7000 metros quadrados, que numa divisão simples por 22 jogadores daria a cada um deles algo em torno de 320 metros quadrados de área para ser “coberta”.
Com todo esse cenário, podemos concordar que os atletas não conseguirão ocupar de forma muito eficiente o espaço designado. Para isso, é necessário que a equipe encontre formas de diminuir essa área através de manobras coletivas.

Figura 1 – Ponte (branco) e Palmeiras (verde) encurtando o campo
Nessa situação de ataque da equipe da Ponte Preta, todos os atletas estão dispostos numa área menor que meio campo. O time da Ponte adiantou-se e em resposta a esse movimento, o Palmeiras aproximou suas linhas de defesa, meio e ataque. Conseqüentemente, as coberturas defensivas ficam mais facilitadas pela proximidade dos atletas de marcação.
Toda medida de área leva em consideração os fatores largura e comprimento, por isso a unidade de medida é o metro quadrado. Como a compactação de uma equipe acontece dentro de uma determinada área, deve respeitar dois fatores também: largura e profundidade (seria o equivalente ao comprimento).
Voltando a figura, podemos reparar que a equipe do Palmeiras considerou ambos, ou seja, não somente encurtou a distância entre os setores, como também estreitou-se em relação às laterais do campo. Observe o lateral direito muito próximo a uma faixa central do campo.
A compactação objetiva diminuir o espaço de jogo da equipe que ataca, com movimentos coletivos coordenados que na maioria das vezes utiliza-se da linha de impedimento para tal.
Leandro Zago

Ataque e defesa: onde um começa e o outro termina?

É quase que fato consumado no futebol entender o processo ofensivo (ataque) o momento em que a própria equipe tem a posse da bola e o processo defensivo (defesa) o momento em que a posse de bola é do adversário.

E nas transições, quem está atacando e quem está defendendo?

Simples, na transição defesa-ataque (ofensiva) eu estou atacando e na transição ataque-defesa (defensiva) meu adversário ataca.

Ainda bem que, para os profissionais do futebol, os jogos coletivos são muito mais complexos que essa singela interpretação. Senão qualquer torcedor entenderia o jogo tão bem quanto um treinador de equipe de alto nível.

Os processos ofensivos e defensivos estão tão intrinsecamente conectados que seria impensável analisá-los e treiná-los de forma isolada.

Imagine a seguinte situação:

Sua equipe está vencendo a partida e adota como estratégia manter a posse de bola (prioritariamente no campo de defesa pela ocupação espacial do adversário) com o objetivo de “apenas” esperar o tempo terminar. A equipe adversária realiza uma marcação pressão para recuperar a bola rapidamente e tentar realizar uma finalização a gol.

Pergunta: Quem está defendendo? E atacando?

Essa situação muito comum nos jogos que presenciamos mostra que a posse de bola por si só não determina a atitude de uma equipe. E a ausência dele também não.

E respondendo a pergunta do título desse artigo, podemos entender que os processos ofensivos e defensivos acontecem simultânea e constantemente dentro do jogo e isso deve ser levado em conta na elaboração de um treinamento tático.

Leandro Zago